Vestida de noite ela vinha...
Em forma de agradecimento.
Com seus olhos negros e sua boca repuxada.
Seria um sorriso?
Ao longe ela vinha.
A garota da noite, a princesa da escuridão.
O véu que encobria seu rosto mostrava quem ela era.
Em forma de agradecimento...
Em forma de rentidão.
Sua proximidade me da calafrios...
Seu véu não deixa transparecer.
Logo sinto um perfume de flores vindo junto ao vento.
Adocicado, forte. Lembra-me a cemitério.
Em meio a noite condensada ela vinha...
Vagando pela pequena estradinha
Com passos lentos, porém firmes.
O que faria eu entre aquelas árvores
- que mais se pareciam cabídes velhos-
Caminhando em direção à uma estranha?
Com seu véu a encobrir-lhe
Bem perto de mim, bem perto de mim ela está.
Levantam-se mãos, estas que parece ser minhas,
Na direção daquele véu misterioso elas seguiram...
Surpreendendo-me!
Tão frio quanto sua imagem,
Erguia-se o grande espelho.
Mostrando-me a bela princesa...
Um mero reflexo do meu eu.
Um mero reflexo do meu eu.
Autora: Beatriz Belo